Morre aos 88 anos o criador de teatro Claus Peymann

Berlim. Hanover: "Nas fronteiras, eu sempre digo: você está examinando o lugar errado. A parte perigosa de mim não está na minha mala, mas na minha cabeça." Esta piada vem de Claus Peymann, provocador por princípios, autoproclamado rei do teatro e diretor artístico de longa data do Berliner Ensemble. Agora, o rebelde do teatro morreu em Berlim aos 88 anos.
Peymann – nascido em 1937 – ganhou as manchetes nacionais pela primeira vez em 1974. O então diretor de teatro de Stuttgart fez uma doação para comprar dentaduras para a terrorista da RAF Gudrun Ensslin, que estava presa. No livro "Peymann de A a Z", ele observa que se tratou de um ato de caridade: a mãe de Ensslin lhe havia escrito que o dentista em Stammheim perfurava sem anestesia. De 1986 a 1999, Peymann foi diretor do Burgtheater de Viena. Lá, causou um escândalo em 1988 com "Heldenplatz", de Thomas Bernhard, que expôs a ligação dos austríacos com o nacional-socialismo. De 1999 a 2017, o diretor artístico do Berliner Ensemble representou o papel de "presa no cu dos poderosos", ofereceu um estágio ao ex-terrorista da RAF Christian Klar e discutiu com o dramaturgo Rolf Hochhuth, falecido em 2020, sobre o uso do prédio na Schiffbauerdamm. Entre os companheiros de Peymann estavam o diretor americano Robert Wilson, autores como Peter Handke e Elfriede Jelinek, e seu amigo George Tabori, a quem ele descreveu em seu centenário como um "palhaço da vida" e uma "criança grande e má", mesmo em sua idade avançada.
Essa provavelmente também seria uma descrição adequada para Peymann, que interferiu descaradamente na política teatral de Berlim e, por exemplo, criticou veementemente a saída involuntária de Frank Castorf da direção do Berliner Volksbühne. "Eu sou o teatro do amanhã!", declarou Peymann descaradamente aos 72 anos, antes de uma visita ao Skala de Leipzig em 2015.
Em conversas pessoais, ele era cercado por uma aura de megalomania, mas misturada a charme e brilho nos olhos. O prefácio de sua autobiografia afirma: "Ele é o agitador infantil, com tino publicitário, que, em sua caixa de areia, faz a terra tremer com pás e baldes." Peymann se descreveu como um benfeitor incorrigível. "Quando, por exemplo, Picasso pinta 'Guernica' em resposta ao bombardeio da Espanha, desencadeando assim um escândalo, isso é uma forma de conscientização." E o mesmo vale para o teatro: ele pode revelar verdades ocultas.
No entanto, já não é tão fácil iniciar um debate com o teatro. "Porque as pessoas não conseguem mais se empolgar com nada; elas só querem se divertir por um tempo. Aí me sinto como um mamute anacrônico. Mas eles também sobreviveram por um bom tempo."
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