Mark Zuckerberg e sua visão de superinteligência artificial. Utopia ou o começo do fim?

Será que em breve cada um de nós terá uma superinteligência artificial à disposição, como um consultor digital? Mark Zuckerberg pinta com entusiasmo um futuro em que a tecnologia nos liberta do trabalho, dando-nos tempo para paixões, cultura e socialização. No entanto, os especialistas estão moderando seu entusiasmo, alertando que por trás dessa promessa pode haver uma ameaça em uma escala nunca antes vista pela humanidade.
O fundador do Facebook , agora líder do império Meta, anunciou seu objetivo de criar uma "superinteligência pessoal" acessível a todos. Não se trata apenas de mais um aplicativo ou gadget — Zuckerberg fala de um sistema capaz de pensar, aprender e agir de forma independente. Segundo o bilionário, essa tecnologia finalmente permitirá que pessoas comuns parem de se afogar em tarefas diárias e se concentrem no que realmente importa.
Para implementar seu plano, a Meta está recrutando agressivamente. Conforme relatado pelo Daily Mail, as melhores mentes da indústria de IA estão sendo atraídas com contratos de até US$ 300 milhões por quatro anos.

Embora a visão pareça tentadora, especialistas alertam que não se trata apenas de mais um salto tecnológico. Nick Bostrom, filósofo da Universidade de Oxford e autor do aclamado livro "Superinteligência ", aponta que tal sistema superaria os cérebros humanos mais capazes em todos os campos — da ciência à diplomacia. Não seria mais apenas um aplicativo útil, mas uma entidade independente capaz de colaborar, raciocinar e — quando combinado com a robótica — executar tarefas que hoje parecem impossíveis.
Bostrom esboça tanto um cenário "benigno", em que cada pessoa tem seu próprio exército de assistentes digitais representando seus interesses, quanto uma visão mais radical: um mundo sem trabalho, em que as pessoas levam a vida de antigos aristocratas britânicos — caçando, bebendo e cuidando de jardins.
Especialistas estão soando o alarmeNem todos, porém, acreditam em um idílio tecnológico. David Kruger, da Universidade de Montreal, alerta que o verdadeiro risco não é uma vida confortável sem responsabilidades, mas uma transformação completa da sociedade. A superinteligência pode eliminar todas as profissões, dominar a política e, em casos extremos, levar ao fim da civilização humana.
Nate Soares, pesquisador de inteligência artificial, enfatiza que tal sistema operaria de forma completamente independente de nós.
Entre um sonho e um pesadelo"A superinteligência não se importará com a humanidade. Ela poderá usar a Terra e seus recursos solares como bem entender — e seremos apenas observadores", alerta.
Zuckerberg fala de uma "nova era de poder pessoal", mas especialistas nos lembram que muito poder nas mãos de máquinas não é apenas uma oportunidade, mas também um risco. A história mostra que grandes avanços tecnológicos mudam o curso do mundo — da invenção da imprensa à energia nuclear, passando pela eletricidade. A diferença é que, desta vez, o que pode estar em jogo não é apenas o nosso modo de vida, mas a própria sobrevivência da espécie.
Será que a superinteligência pessoal inaugurará uma era de ouro ou o experimento mais perigoso da história? Só saberemos a resposta quando a visão de Mark Zuckerberg começar a tomar forma. Uma coisa é certa: esta é uma discussão que não podemos perder.