Roca Rey presta homenagem a José Tomás em seu discurso de abertura na feira de Múrcia: "A tourada é sofrer e depois renascer."

O auditório do Palácio de Congressos de Múrcia recebeu o discurso de abertura de Andrés Roca Rey, figura de destaque do mundo taurino, que proferiu um discurso comovente pela sua autenticidade e pelo seu reconhecimento da tauromaquia como fenómeno cultural.
O jornalista José Francisco Bayona foi o responsável pela apresentação do toureiro, enfatizando que "a tourada precisava de uma figura com a qual o público pudesse se identificar. Um espelho no qual muitos jovens se olhassem porque queriam abraçar seus valores. Ele transcendeu o círculo sagrado da praça de touros para entrar no círculo familiar, conquistando mais adeptos. Seu carisma e seu conceito são tão claros e belos quanto um traje de toureiro."
Durante sua apresentação, Roca Rey surpreendeu os visitantes com a profundidade de sua pesquisa sobre a história e a personalidade de Múrcia. Ele destacou a natureza aberta e hospitaleira do povo murciano, que relacionou à sua terra natal, o Peru, e à antiguidade de suas praças de touros: " Quando soube da história desta praça de touros, pensei em Lima , na Plaza de Acho, uma das mais antigas do mundo. Essa antiguidade é um fio invisível que une Múrcia e Peru. Duas praças de touros separadas por um oceano, mas unidas pela mesma paixão."
O toureiro também prestou homenagem ao seu amado José Tomás, relembrando uma foto de 2009 em que o toureiro de Galapagar, com o casaco rasgado, simbolizava a sua dedicação absoluta. "A tourada mede-se pelo que se dá, não pelo que se retém", afirmou Roca Rey, numa declaração que arrancou aplausos da plateia.
Um dos momentos mais emocionantes veio com uma anedota pessoal de 2023, quando ele passava por uma temporada difícil após várias chifradas e operações. O toureiro confessou que chegou a Múrcia com medo e esperando que a chuva cancelasse a tourada, mas naquela tarde, graças a um touro de Victoriano del Río, recuperou o entusiasmo:
" Quando tenho dúvidas, fico em frente àquela cabeça de touro , que guardo no meu escritório, e converso com ela. E ela me lembra que sempre podemos recomeçar."
A história culminou com uma reflexão que comoveu os presentes: "O que é a tourada? Não é um hotel bonito, nem um belo fato de tourada, nem um carro elegante. A tourada é o sofrimento de tantas horas de treino, de dúvidas, de medos, de dores, de cicatrizes. A tourada é sofrer... e depois renascer."
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