As máscaras expressivas do Teatro Basco Kulunka chegam ao Condal

O grupo basco Kulunka Teatro não se apresenta em Barcelona desde 2016, mas já visitou 36 países com suas produções teatrais únicas, algumas delas com máscaras. Agora, eles retornam ao Teatro Condal, parte do Grec, com seu espetáculo mais recente, "Forever", que conta a história de uma família comum cujas vidas dão errado e nenhuma de suas expectativas é atendida.
Iñaki Rikarte, Garbiñe Insausti, Edu Cárcamo e José Dault são seus criadores; Rikarte também é o diretor, e os outros três são os intérpretes. "Exploramos a linguagem das máscaras há 15 anos e tem sido uma surpresa ver o impacto no público e a jornada que ela teve", observa Cárcamo. "Forever é um espetáculo de grande escala, para o qual nos propusemos um desafio técnico e dramático significativo, levando quase dois anos para criá-lo, enquanto estávamos em turnê com outras produções. É muito fácil para qualquer público se identificar com o que estamos contando."
A empresa basca garante que seus temas universais sejam compreendidos igualmente em todo o mundo.“O maior desafio e a maior força da companhia reside na dramaturgia”, esclarece Dault. “Trabalhamos em equipe, e a maior dificuldade é atingir a pontuação de ações cotidianas que capture o que acontece com os personagens. Quando abordamos um tema que desperta nosso interesse e curiosidade, criamos um paradoxo sobre como uma família normal pode acabar em uma situação tão extrema. É algo que, até você ver, é difícil de explicar.”
Mas nem tudo foi fácil nesta exploração da linguagem das máscaras: "No início, com a visão limitada da máscara, foi difícil para nós apertarmos as mãos", confessa Dault. "A grande surpresa do público é como é possível explicar tantas coisas com máscaras inertes, que eles podem vê-los rir e chorar, mas isso é proporcionado pelo público." E ela avisa: "Este espetáculo é recomendado para maiores de 14 anos."
“Além da trilha sonora técnica, há uma trilha sonora emocional, que é o nosso texto não escrito”, continua Dault. “A máscara para o ego de um autor é muito boa porque o aniquila. Você está a serviço da performance.” E ela relembra sua mudança de vida durante esses anos na companhia: “Agora temos que conciliar o trabalho com os filhos, e não ensaiamos mais 12 horas por dia, mas sim durante a creche.”
Leia tambémEm Forever, o cenário gira para mostrar os três cômodos de uma casa. “Um casal, profundamente apaixonado, quer ter um filho, e é difícil para eles. E quando conseguem, as coisas se complicam. O cenário giratório cria um efeito quase cinematográfico, como uma tomada longa. Simboliza as reviravoltas da vida”, explica Dault.
“A primeira vez que saímos, fomos ao Nepal e tínhamos medo de não sermos compreendidos, porque os gestos variam. Mas ficamos muito surpresos porque tudo foi compreendido. E algo semelhante aconteceu na China. Há muito mais coisas que nos unem do que nos separam.”
“Os temas que abordamos são universais, aqui e na Ásia: família, amor, doença... E é por isso que são compreendidos em todos os países onde nos apresentamos”, diz Cárcamo. “Tentamos compreender a condição humana, com sua complexidade e contradições. E isso é comum em todo o mundo. Os momentos emocionais são muito tocantes, e os momentos cômicos também são muito engraçados. Mas não há moralização”, conclui Dault.
Segundo Daniel Anglès, diretor do Teatro Condal, Kulunka oferece um teatro essencial, com ferramentas únicas e uma forma muito especial de contar histórias. Por isso, apesar de não usar palavras, recebeu o Prêmio Max de Melhor Dramaturgia em 2024 por "Forever".
Para sempre Teatro CondalParal·lel, 91. Barcelona Autor: Iñaki Rikarte, José Dault, Garbiñe Insausti, Edu Cárcamo Direção: Iñaki Rikarte Elenco: José Dault, Garbiñe Insausti, Edu Cárcamo Datas: Até 27/VII Preço: €20,30-27 TeatreCondal.cat
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