Pais carinhosos criam filhos mais saudáveis e felizes, dizem médicos

No Dia dos Pais, muito mais do que presentes e momentos de confraternização em família, é necessário falar sobre a importância da presença paterna verdadeira na vida dos filhos. No Brasil, temos dados alarmantes sobre a quantidade de crianças que não tem o nome do genitor na certidão de nascimento. Dados do Portal da Transparência do Registro Civil mostram que, em 2024, mais de 91 mil crianças foram registradas no Brasil sem o nome do pai na certidão de nascimento. São quase 500 registros diários sem identificação de paternidade.
- Dados mostram que mais de 5 milhões de crianças no Brasil não tem o nome do pai na certidão de nascimento.
- Estudos apontam que a presença paterna é essencial para a formação dos filhos, afetando como eles vão se comportar e se relacionar na vida adulta.
- Pessoas com pais presentes e afetivos tem mais autoconfiança, autoestima e segurança emocional
- Veja dicas para ser um pai não apenas presente fisicamente, mas ativo e participativo emocionalmente
Outra estimativa assustadora aponta que cerca de 5,5 milhões de crianças brasileiras não têm o nome do pai no registro de nascimento. Nesse cenário, os pais que cumprem seu papel — e porque não dizer, a sua obrigação — precisam, sim, ser valorizados e entender os inúmeros benefícios que trazem para os filhos apenas “estando ali”.
Dessa forma, é possível incentivar que mais figuras paternas, já que nem sempre esse papel é exercido apenas pelo pai biológico, firmem a presença na vida das crianças, contribuindo para sua formação de maneira positiva.
“A maneira como um pai se faz presente – emocional e fisicamente – durante a infância pode moldar desde a forma como nos relacionamos até o modo como reagimos ao mundo”, afirma a psicóloga e neuropsicóloga Tatiana Serra, especialista em comportamento humano e saúde emocional familiar.
Tatiana menciona que existem diversos estudos que comprovam que filhos de pais participativos desenvolvem mais autoestima, autonomia e segurança emocional. Em contrapartida, a ausência paterna, que acontece pelo abandono, distanciamento emocional ou negação do afeto, pode causar danos afetivos e consequências como dificuldade de confiar, de se posicionar e de lidar com frustrações.
E a psicóloga alerta ainda para os problemas afetivos de crianças que têm pais presentes, mas que não são emocionalmente disponíveis. “Muitos homens cresceram sem referência de afeto, aprendendo a reprimir emoções. Isso afeta sua forma de se conectar com os filhos e perpetua ciclos de silêncio emocional”.








A presença do pai desde os primeiros dias de vida do bebê são primordiais para a criação de um vínculo forte e positivo
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A presença paterna precisa ser ativa e participativa, mostrando ao filho o quanto ele é importante
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Filhos com pais amorosos crescem com mais autoestima e autoconfiança
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A demonstração de carinho e afeto do pai ensina o filho como tratar as pessoas com quem vai se relacionar no futuro
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Pais que brincam com os filhos e passam tempo de qualidade com a família garantem uma infância mais segura
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A presença do pai na infância interfere na saúde mental do filho na vida adulta
Getty ImagesO vínculo estabelecido entre pais e filhos nos primeiros dias de vida da criança fortalece a regulação emocional, promovendo a liberação de hormônios e neurotransmissores como a ocitocina e a endorfina, que são cruciais para a formação de laços afetivos.
Segundo Fernando Gomes, médico neurocirurgião, neurocientista e professor livre docente da USP, com o passar dos anos, a presença contínua do pai, contribui para o desenvolvimento da empatia e habilidades sociais, possibilitando que a criança se torne mais resiliente e confiante.
Além disso, a presença ativa do pai na infância está relacionada a um menor risco de doenças mentais na vida adulta, incluindo depressão e ansiedade. “Neurocientificamente, isso se deve ao desenvolvimento de circuitos cerebrais relacionados à regulação emocional e ao comportamento social. A presença paterna saudável pode promover um maior autocontrole e habilidades de enfrentamento, fundamentais para uma vida emocional equilibrada”, completa o médico.
A relação afetiva com o pai também influencia significativamente a forma como as pessoas estabelecem vínculos afetivos na vida adulta. Fernando menciona a Teoria do Apego, que sugere que essas interações precoces moldam a maneira como os indivíduos criam laços, sua capacidade de confiar e a forma como lidam com a intimidade.
“Filhos que experimentam um apego seguro tendem a formar relacionamentos saudáveis e equilibrados, enquanto aqueles com pais ausentes ou que não proporcionam um ambiente seguro podem apresentar dificuldades em confiar e se vincular emocionalmente”, explica.
Outro ponto importante é a autoestima. A validação e apoio do pai durante os anos de formação são fundamentais para a construção da autoimagem. Estudos sugerem que filhos sem a presença ativa do pai podem desenvolver um estado de insegurança relacionado à sua autoimagem e valor pessoal.
Dicas para fortalecer vínculos afetivos– Tempo de qualidade: reserve momentos exclusivos para estar com os filhos, realizando atividades que ambos gostem. – Comunicação aberta: crie um espaço seguro para que os filhos expressem seus sentimentos e pensamentos. – Prática de empatia: demonstre compreensão e valide as emoções dos filhos. – Participação ativa: envolva-se nas atividades diárias dos filhos, mostrando interesse genuíno por suas experiências. – Apoio emocional: esteja presente em momentos difíceis, oferecendo auxílio e conforto.
– Modelagem de afeto: demonstre afeto de forma consistente, seja por meio de palavras ou gestos físicos, como abraços.
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