Salman Rushdie esfaqueado e condenado a 25 anos de prisão

Hadi Matar, o americano de 27 anos de origem libanesa considerado culpado pela tentativa de assassinato do escritor anglo-indiano Salman Rushdie, atacado com uma faca em 12 de agosto de 2022 durante um evento público em Chautauqua, Nova York, foi condenado a 25 anos de prisão, a pena máxima. A sentença foi pronunciada hoje pelo juiz David W. Foley, após uma audiência que durou aproximadamente uma hora no Tribunal do Condado de Chautauqua.
Rushdie, 77, estava falando em uma conferência literária em um centro cultural quando Matar subiu no palco e o socou repetidamente, causando ferimentos graves. O escritor, que arriscou a vida, agora está cego de um olho e sofreu danos permanentes em uma das mãos e no rosto. Em breve declaração antes da sentença, Matar disse que considerava Rushdie "um hipócrita e um valentão", justificando assim, sem qualquer sinal de arrependimento, o gesto que chocou a opinião pública mundial. O júri levou menos de duas horas para chegar a um veredito de culpado. A defesa não convocou testemunhas, e o próprio Matar optou por não testemunhar no tribunal.
O ataque a Rushdie ocorreu após décadas de ameaças contra o escritor britânico-indiano, que estava sob proteção há muito tempo após uma sentença de morte (fatwa) emitida em 1989 pelo líder supremo do Irã, aiatolá Khomeini, por seu romance Os Versos Satânicos, publicado em 1988. A obra, que ficcionaliza o profeta Maomé, foi considerada blasfêmia por muitos muçulmanos e provocou reações violentas em todo o mundo islâmico. Rushdie viveu por muito tempo sob proteção policial e escondido, um símbolo global de liberdade de expressão. O ataque de 2022 reabriu o debate sobre a violência fundamentalista e a proteção de intelectuais ameaçados por suas obras.
Poucos dias após o veredito, o famoso escritor anglo-indiano retornará ao Reino Unido para participar do Hay Festival, um dos eventos culturais mais prestigiados do mundo, que será realizado de 22 de maio a 1º de junho de 2025.
Rushdie escolheu o palco de Hay-on-Wye, no País de Gales, para contar sua história por meio de "Knife: Meditations After an Attempted Assassination", livro escrito após o ataque, e "City of Victory", seu último romance, ambos publicados em italiano pela Mondadori. "Mas seu retorno não é apenas literário: é uma declaração de resistência. É a resposta de um homem que transformou a violência em narrativa e o medo em liberdade", destacou a BBC, que antecipou a próxima presença do autor no festival.
No palco do Hay Festival, o escritor reafirmará seu "direito de falar", anunciou Rushdie. “Lembro-me de pensar que estava morrendo”, disse o escritor. "Felizmente eu estava errado." Com "Coltello", ele transformou o ataque em material literário, em um ato de autodefesa moral. "Sua presença no Hay Festival é o símbolo de uma intelectualidade que não se curva, de uma cultura que resiste", disse a BBC. "Em um mundo marcado pelo extremismo e pela intolerância, Salman Rushdie retorna não apenas como autor, mas como testemunha do poder da palavra. A mesma palavra que há trinta e cinco anos mudou sua vida. E que hoje, ainda, a salva."
Adnkronos International (AKI)