Pré-história: O que vestígios encontrados em ossos de animais revelam sobre as "tradições" neandertais

Traços distintos de técnicas de corte foram encontrados em ossos de animais que datam de 50.000 anos em duas cavernas israelenses próximas.

E se a tradição já fosse um conceito presente no Paleolítico? Um novo estudo publicado na quinta-feira, 17 de julho, na revista Frontiers in Environmental Archaeology , e consultado pela France Inter , analisa as técnicas de abate na era Neandertal, há 50.000 anos.

Um pesquisador francês descobriu vestígios de cortes distintos em ossos de animais em duas cavernas israelenses localizadas a 70 km de distância. O fato de os vestígios serem diferentes reflete práticas específicas de cada grupo e levanta a questão de se a tradição — prática cultural, e não apenas prática técnica — também era um conceito presente no período Paleolítico entre os grupos neandertais.

As duas cavernas em questão são Amud e Kebara. Os neandertais comiam plantas ali, mas também uma variedade de carnes de caça, como "gazelas da montanha, gamos, javalis, auroques e cavalos", explica Anaëlle Jallon, doutoranda no Instituto de Arqueologia da Universidade Hebraica de Jerusalém.

A jovem concentrou-se nos ossos da gazela. Os numerosos fragmentos revelam pequenos entalhes. São os vestígios de cortes deixados pelas pedras usadas pelos neandertais : "Escaneamos todos os ossos para poder medir a profundidade, a espessura e o ângulo das incisões."

Os resultados mostram – embora menos de 100 km separem as duas cavernas – diferenças notáveis nesses traços de corte. Em Amud, os entalhes são numerosos e se sobrepõem, enquanto em Kébara, o corte parece mais limpo, com menos golpes de sílex. Para Anaëlle Jallon, isso prova que "há algo da ordem cultural em jogo" . "Pode ser" , continua ela, "que em cada sítio, todos façam como foram ensinados, uma espécie de tradição: seus pais explicam como fazer e você aplica" .