O papado de Prevost daria continuidade ao legado de Francisco, dizem especialistas

A eleição de Leão XIV como o novo papa da Igreja Católica já é vista como uma forte mensagem do Vaticano em relação ao futuro da Igreja. Apesar de ter nascido nos Estados Unidos, ele é considerado um padre "de coração latino". Ao contrário de seus compatriotas (amplamente conhecidos por sua oposição ao papado de Francisco), o novo Pontífice se destacou pela proximidade com o argentino.
Por isso, analistas já se referem a ele como um papa que dará continuidade a grande parte do legado de Bergoglio, após ele tê-lo nomeado chefe do Dicastério para os Bispos e com quem manteve comunicação constante.

Leão XIV durante sua apresentação na Praça de São Pedro. Foto: AFP
"Sua primeira mensagem estava intimamente ligada à paz. Neste caso, o papa reflete a unidade da Igreja universal, porque ele vem de um trabalho na Cúria Romana, onde este é o foco. Portanto, haverá uma continuidade de muitas das mensagens do Papa Francisco, mas ele dará a elas sua própria marca", disse Monsenhor. Héctor Henao, um dos principais líderes da Igreja Católica na Colômbia.
Sua posição o levou a se tornar o principal conselheiro do falecido pontífice na nomeação de bispos ao redor do mundo, então ele já está familiarizado com o trabalho administrativo do Vaticano e o estilo de seu antecessor. De fato, nos últimos dias, em seus discursos em conferências e coletivas de imprensa anteriores ao início do conclave, ele pediu por uma "Igreja sinodal que sempre busque a caridade e a proximidade com aqueles que sofrem", exatamente como Bergoglio havia pedido na época.

Vista da Praça de São Pedro na Cidade do Vaticano. Foto: iStock
Por esta razão, para Mons. Henao, o Vigário de Cristo, guiaria a Igreja a "dedicar-se ao diálogo, à compreensão e à harmonia entre os povos do mundo". Além disso, ele assume um grande lema: 'caminhar juntos' como povo, o que reflete seu caráter pastoral e sua experiência no Peru.
Mas, apesar das semelhanças com Francisco, ele é considerado como tendo uma atitude muito mais sóbria e conciliadora, e também mais moderado em questões polêmicas, o que sem dúvida teria sido um fator determinante para sua eleição. Mas seu perfil pastoral e missionário (agostiniano devoto e ex-chefe supremo da Ordem de Santo Agostinho) também lhe permitiu construir pontes com a América Latina e estabelecer conexões em todo o mundo, um aspecto fundamental na busca da unidade da Igreja, depois de grandes polêmicas surgidas na época do argentino entre o Papa e bispos e cardeais mais conservadores, especialmente nos Estados Unidos, de onde Leão XIV é natural.
O vaticanista Óscar Elizalde acredita nisso, enfatizando que, nessa "caminhada juntos", seu perfil missionário deverá ser decisivo: "Ele não é ingênuo. Ele entende as realidades do mundo. Ele viajou o mundo quando era Superior Geral dos Agostinianos, um cargo de máxima responsabilidade. Ele vem de uma congregação religiosa, e isso é um sinal muito interessante do que ele contribuirá para a Igreja, dada sua sensibilidade para a justiça social. A Ordem de Santo Agostinho é uma ordem que possui centros educacionais e universidades e trabalha com comunidades."
Já Isabel Corpas, doutora em teologia, declarou: "Ele não fará mudanças estruturais na Igreja; seguirá o exemplo de Francisco. Responderá aos avanços tecnológicos e à inteligência artificial."
Tópicos polêmicos Um dos aspectos mais notáveis do pensamento de Leão XIV diz respeito à igualdade de gênero e à família. Em 2019, ele se manifestou em defesa da igualdade de tratamento de 100% entre homens e mulheres, mas deixou claro que "estamos convencidos da importância de promover a família como elemento constitutivo da sociedade e não destruir a família como ela é tradicionalmente considerada: um homem e uma mulher que se amam e estão comprometidos".
Embora Prevost tenha questionado anteriormente as uniões entre pessoas do mesmo sexo, ele também assumiu uma postura progressista em outras questões, como quando presidiu uma das principais reformas de Francisco, que incluiu três mulheres entre os eleitores que decidem as nomeações para bispos, um passo significativo em direção à igualdade de gênero na Igreja.
eltiempo