Chocolates com Consciência: Quais são os desafios que a indústria do cacau enfrenta em termos de sustentabilidade?

O Dia Mundial do Cacau é comemorado todo dia 7 de julho e, por trás do sabor que milhões de pessoas em todo o mundo adoram, existe uma complexa cadeia de produção que enfrenta crescentes desafios de sustentabilidade. A indústria do cacau, que abastece empresas de alimentos, cosméticos, bebidas e cuidados pessoais, está sob pressão em duas frentes: garantir a segurança de seus produtos e responder a um ambiente cada vez mais marcado pela escassez de água.

O cacau tem uma pegada hídrica elevada, exigindo mais de 20.000 litros de água por quilo produzido, considerando irrigação, lavagem, fermentação, limpeza de equipamentos e resfriamento industrial. Isso torna a água um recurso invisível, mas essencial, cujo uso eficiente é fundamental para a viabilidade do setor a longo prazo.

Da fermentação dos grãos à produção de chocolates, coberturas e até cremes cosméticos, cada etapa do processo envolve riscos se protocolos adequados de manuseio seguro não forem implementados para evitar contaminação, métodos de desinfecção inadequados ou problemas nas instalações de produção. Além disso, o cacau pode ser contaminado com Salmonella se não for higienizado adequadamente.

Segundo dados da Fedecacao, a Colômbia estabeleceu um recorde em 2024, atingindo sua maior produção de cacau de todos os tempos, com 67.678 toneladas. Além disso, segundo a Analdex, as exportações atingiram US$ 20,8 milhões nos primeiros dois meses de 2025, um aumento de 24,2% em relação ao mesmo período do ano passado.

O cultivo de cacau tem apresentado crescimento contínuo, posicionando o país entre os 10 maiores produtores mundiais, exportando seu produto para 75 países. É importante implementar processos sustentáveis ​​em seu cultivo para garantir que ele continue sua tendência positiva sem impacto ambiental significativo.

“O cacau não é apenas uma das culturas mais valorizadas do planeta, mas também uma das mais sensíveis às mudanças climáticas e à má gestão da água. Como indústria, precisamos entender que, sem práticas de limpeza responsáveis, gestão adequada da água e controle microbiológico, produtos como o chocolate correm o risco de perdurar no futuro”, afirma Diego Varrá, chefe da unidade de negócios de Alimentos e Bebidas da Ecolab para a América Latina, líder global em gestão e desinfecção de águas.

A Ecolab incentiva as empresas a considerarem processos-chave como: o uso de tecnologias CIP (Clean-in-Place) para limpeza de silos, soluções químicas que podem ser usadas sem enxágue, monitoramento digital de pontos críticos e automação da limpeza, que podem melhorar a segurança alimentar e reduzir o consumo de água em até 40%.

“Devemos trabalhar com a consciência de que cada litro de água conta. É dever de produtores, distribuidores e consumidores buscar produtos que consumam menos água para garantir sua sustentabilidade a longo prazo, em harmonia com o meio ambiente. Isso contribui para um abastecimento global mais justo, responsável e consciente”, acrescenta Varrá.

Jornalista de Meio Ambiente e Saúde